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quarta-feira, 7 de abril de 2021

O tempo passa, mas só notamos com supetões.

 Acordamos e não vemos aquela pequena diferença no rosto da noite mal dormida, da festa alongada com doses de cerveja, dos sorrisos em círculos de amizade, do cansaço do dia anterior, do sexo extenuante ou da frustração de não ter se garantido como se queria, da preocupação com a conta por pagar, ou da que vai vir, simplesmente não notamos.

As mudanças na nossa feição são lineares para nós, pois praticamente todos os dias nos vemos, mas acontecem em tudo e em todos. Somadas, vão em vários sentidos. Pura matemática! Quando juntas, geram uma não-linearidade absurda! E o tempo contribui para elas nos surpreender.

Precisamos de uma referência para notar. O final do ano, geralmente serve como tal. Um ano sem ver um parente e eis que ele se casou, assumiu a homossexualidade, teve um AVC, descobriu um CA, se agregou aquele grupo neonazista, se intitulou marxista ou liberal, e por aí vai.

No final do ano, todas essas notícias surgem de supetão. As descobrimos em confraternizações, encontros de ex-alunos do colégio, ou em um encontro casual com um colega que há muito não se vê.
Bate aquela nostalgia!

Saudades de tempos que poderiam ter ocorridos pari passu, mas que por motivos diversos foram por vetores divergentes: um amigo terminou o curso e foi morar em outro estado; outro ficou doente, retornou e passou a cuidar mais de si e se distanciou; outro foi embora mesmo, porque queria ter uma experiência diferenciada. Enfim, rompemos a linearidade que estávamos acostumados e cada um seguiu seu rumo. Agora no encontro lembramos daquele tempo, mas não temos mais os tempos perdidos.
Porém o tempo que foi vivido foi tão intenso que agrega. E eis a magia: anos, meses, dias depois, encontramos e temos o que falar. Embora o supetão das mudanças nos surpreenda, temos certeza de que vivemos momentos eternos em nossos corações. 

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