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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Produção de mato e capina: eis a solução mais produtiva...

Essa "estória" é das anta... Um colega que falou... Nem sei se é verdade, mas, pelo menos, é factível. E foi assim que aprendi o conceito de produtividade, eficiência e ganhos de escala no mestrado.

O fato se passou em Cuiabá, terra de calor típico do Brasil. O irmão do meu amigo fazia faculdade de medicina lá e morava com amigos em uma residência alugada pelos pais. Sem muito tempo para cuidar da casa, viviam, o irmão do meu amigo e seus colegas, estudando e sem muito cuidar da casa, quando dava lavavam os pratos, etc e tal...

Em um dia, cerca de um mês e meio depois de alugarem a casa, observaram que no jardim da casa tinha um mato considerável e que o "muriçocal" dentro de casa, possivelmente vinha daquela floresta. De pronto, iniciaram o processo de capina e limpeza do local, aproximadamente cinco horas para voltar a situação inicial, enfim, era possível dormir em paz sem muriçoca. Passaram-se mais um mês e com um período chuvoso, o mato crescia rapidamente, e eis os alunos novamente a labutar no jardim. Aqui vem a primeira lição econômica, a produção de mato, abastecida pela chuva, era alta e a eficiência dos alunos era baixa, uma vez que dispunham do recurso limitado (tempo) para capinar, o mato passou a crescer em uma semana o que crescia em um mês e os alunos não tinham tempo para limpar o mato e estudar. Então terceirizaram o serviço a 30 reais por capina.

Após um ano pagando em média 60 reais mensais para manterem o jardim limpo, aproximadamente 10x60x2=1200 reais no ano, os colegas foram a uma feira popular e conheceram tião primeiro e decidiram comprá-lo e deixá-lo no jardim. Tião primeiro era um bode manso e magro que pastava vorazmente o jardim, custara a bagatela de 50 reais, não sobrava um mato, foi até utilizado para terceirização nos jardins dos vizinhos, rendia algo entorno de 40 reais por jardim. Aprendi então a segunda lição, dá para substituir insumos ou tecnologias e obter ganhos de escala, no caso substituiu-se a tecnologia para a capina com máquina sem operador (bode) e esta comia mato duas a três vezes mais rápido que o crescimento do mesmo, logo, dava para pastar no jardim dos estudantes e ainda ganhar 20 reais pela capina de dois vizinhos.

Um ano se passou e obtiveram os colegas um saldo de 40 reais em média por mês, rendendo de forma bruta 12x40x2x2=1920-50=1870 reais no ano. E ai o bônus, como o bode estava gordinho, mataram o tião primeiro e fizeram o primeiro churrasco da casa e com o saldo do serviço prestado pelo bode aos vizinhos compraram as cervas e petiscos, sucesso geral, sobrando o valor de uma nova compra de tiões, não mais um. Partiram para a feira e compraram, agora, dois bodes: o tião segundo e o tião terceiro... O que rendeu de forma bruta no terceiro ano, aproximadamente 12x40x2x5=4800-100=4700, virou negócio, pois o churrasco iria render felicidades e os bodes iriam render lucros, a custo zero...Obviamente estou esquecendo as externalidades dos excrementos dos bichos, mas a parte isso, a "estória" é história real.

Enfim, passou a faculdade e os alunos aprenderam na prática o que a produção do mato é função das chuvas, que a capina humana não é eficiente e que precisarão de uma mudança tecnológica para romper o ciclo de falta de produtividade, tendo finalizado os estudos com os conceitos de eficiência, ganho de escala, viabilidade financeira e ambiental e custos de oportunidade, entre outros consolidados de tal sorte que um negócio rentável de capina biológica poderia ter sido implementado em Cuiabá. Felizmente, para os bodes que ficaram, meus amigos terminaram suas faculdades e foram para suas cidades de origem exercer outra profissão e não viver a criar bode e comer churrasco todo final de ano.