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sábado, 24 de janeiro de 2015

Colocando filhos para dormir no Ceará, uma meditação necessária a todos os pais...

No Ceará temos o hábito de colocar os pimpolhos para dormir no embalo da rede. Assim, faço com frequência com minha linda.

Às vezes, dá um trabalho bom. Passa para uma reflexão da vida e uma meditação ocidental com requintes orientais, aliás, a meditação no embalar e balançar nossos bruguelos em uma rede, cantando algumas canções de ninar, é executado quase que "tantricamente", onde o ôh ôh ôôh se torna praticamente um som indiano que ecoa dentro de nós e, quando imaginamos que os pequenos estão dormindo, eis que eles reaparecem querendo um pouco mais de carinho, e, relaxados daquele vai e vem da rede e do nosso cantar, sorrimos e começamos tudo de novo.

Para quem não teve esta experiência, compartilho aqui o processo diário para minha filha dormir, que é mais ou menos assim:

20h15 minutos, a lindinha, naquela vontade de dormir, mas não se entregando, perturbar-me intensamente para pôr algum vídeo da galinha pintadinha na TV. Eu, pai que sou, sabia que era a hora dela dormir, então de pronto a banho (no Ceará, se não banharmos os bruguelos antes de dormir, o calor não permite ir dormir sem pelo menos se "assiar"...).

Após o banho, preparo o leitinho quente que ela toma calmamente, imaginando a rede que a espera. Terminado a última refeição, me pede o lençol que será seu companheiro noturno (o lençol é muito mais importante que qualquer bicho de pelúcia).

De pronto pede a música do sapinho para iniciar o processo de dormir... Entendi que ela quer a música do sapo não lava o pé... e inicio a cantoria... meio desafinada é claro.

Detalhe, cantamos para as crianças no Ceará, balançando a rede e nosso corpo para lá e para cá... Os pés depois de alguns minutos doem, mas trata-se de uma dor que firma nossa convicção de paternidade, onde sabemos que aquele suplício gostoso é sempre recompensado pelo sorriso e o abraço que a criança nos dá quando acorda, exteriorizando sua gratidão pelo carinho dado na noite anterior.

20h20min ela pede para mudar a música (acho que ela pensa que eu sou a TV e que pode passar de canal ou de música em um clicar).

Pede ela: O sapo. entendo que é a mesma música que eu estava a cantar, mas não era... demoro uns 5 minutos, depois de muita repetição dela pedindo O sapo, para entender que era a seguinte música: Lá vem o sapo, na beira do rio, não era o sapo, nem perereca...

20h30, cansada dos sapos ela pede; pintinho... Essa é fácil, então canto: meu pintinho amarelinho, cabe aqui na minha mão, na minha mão... Fico nessa cantoria por mais uns dez minutos... Entendo que ela está dormindo, então fico a cantarolar as músicas, com gemidos tipo... ôh ôh ôooh...ah ah ah, assovio, etc e tal...

Às 20h40 paro de cantar, mas continuo a balançar a rede. Paro para ver se ela dormiu, então escuto a voz da pequena: pintinho... e reinicio o processo...

20h50 tento voltar a cantarolada e tal, mas então me apercebo que ela dormiu... Noto que estou calmo, todo o stress do dia foi embora, as dores das pernas e dos pés passaram... Enfim, minha hora de meditação com minha filha foi muito prazerosa e efetiva, resultará em uma noite de sono boa para toda minha família e a sensação de dever cumprido, o próximo dia já começou bem.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Lições de vida... Dos mafiosos do futuro ao requinte dos amigos.

Conversávamos um amigo e eu sobre a vida.

Ele feliz porque seu neto era esperto, pois o mesmo havia dito que tudo que era do seu avô seria dele quando o pai de seu pai morresse.

Eu cá com meus botões pensei: esse menino é muito é do mafioso, já está contando com a morte do velho.

Mas nem todo sertão é igual e de repente o menino era esperto mesmo...

Só não mais que outro amigo meu que a conversa fez-me recordar de passagens felizes que tive com ele e geram boas gargalhadas quando me lembro que meu camarada reclamara whisky 18 anos que lhe ofereci, pois o servi em um copo americano. O mesmo, super requintado, disse que whisky daquele naipe deveria ser servido em um copo próprio com bordas finas para sentir o sabor e a sensação daquela experiência.

Eu de pronto mandei-o se lascar, afinal nossa amizade assim me permitia.

Em outro dia, mudei de bebida, passei a tomar um vinho francês com os amigos e o meu colega estava conosco quando decidi trazer um talho de queijo coalho para beber com o tinto... Tal medida deixou meu requintado colega catatônico... Afinal, seria uma heresia tal combinação, vinhos franceses combinam com queijos roquefort, camembert, etc... Mas eu não gosto de queijo apodrecido e o gostinho do queijinho coalho é muito mais saboroso... Não?

Enfim, de mafioso a requintados, todos temos lições a aprender com os amigos...


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ah a intimidade...

A vida nos ensina muitas coisas... A intimidade é uma coisa que se ganha com o tempo, aprendi ontem quando fui minha esposa e eu ao obstetra. Foi mais ou menos assim:

Chegamos ao obstetra e aguardamos o atendimento ao lado da secretaria. Dona Joana trabalha com o obstetra faz pelo menos uns 30 anos. Ela fala muito de tudo e se pedirmos algo ela diz sem displicência, pode pegar, já fez?, etc e tal... Não tem papas na língua.

Enfim, passamos mais ou menos 10 minutos aguardando, pois havíamos chegado mais cedo ao local... O obstetra é muito pontual e nos atendeu no horário marcado. Nos falou que o parto poderia ocorrer naquela semana, que o menino estava muito bem, entre outras coisas... Nos recomendou algumas coisas e nos deu a guia para fazermos o último ultrassom, iriamos ver, pela última vez nosso filhão pela tela do computador, pelo menos até ele começar a utilizar internet...

Terminado a consulta fomos a secretaria com a requisição e eis que ela solta a bravata:

Esse fim duma égua de médico assinou no canto errado?

Levantou-se e entrou na sala do doutor dizendo:

Você errou o local da assinatura de novo é para assinar aqui (apontando), tão novo está gagá?

Saiu séria e o médico no seu local estava, no seu local ficou e nada disse apenas sorriu como quem quisesse dizer: Joana ah Joana, sempre carinhosa assim...

Pois é, o que uns trinta anos de trabalho não garantem ao chefe e ao empregado, momentos de intimidade sem precedentes que podemos compartilhar com os amigos...

Plantem a intimidade para receberem um carinho excessivo da Sra. Joana..