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domingo, 15 de dezembro de 2013

Viagem a Canindé...

No Ceará existe um local de fé e religiosidade incrustado no sertão. Não é Juazeiro do Norte com o idolatrado Padre Cícero, mas Canindé, com a imagem de São Francisco de Canindé sendo o expoente do sofrimento nordestino. Tal cidade foi retrata em uma música escrita por Renato Teixeira e cantada por Luiz Gonzaga de nome Estrada de Canindé e aqui retrato o caminho levado por um amigo para mostrar seu compromisso com a tradição cearense.

Meu amigo e mais cinco companheiro iniciaram uma ida de bicicleta de Chorozinho a Canindé (distância em estrada de aproximadamente 128 km)... Viagem longa, mas com cinco amigos, em conversas, brincadeira, paradas e etc e tal, com certeza a viagem seria marcante. Iniciada a viagem toma-se a primeira restrição: um dos viajantes em meio ao cansaço da cachaçada do dia anterior, decide por bem permanecer em Chorozinho, pois ali poderia lavar o figural com uma cervejinha... Deixaria a viagem para outro dia... Um a menos não seria problema, pois os outros senhores eram pessoas fortes e perseverantes e afinal seria apenas 128 km de bicicleta em um calor que iria beirar os 40 graus.

Inicia a viagem e todos vão lá... Um conta a piada do pinto que tinha um pé só, outro conta a do joãozinho e a professora, etc e tal... No meio das babozeiras, baitolagens e fuleragens eles se deparam com a primeira subida. Um olha para o outro e diz: macho, eu num aguento subir isso ai sem macha não... Vou subir à pé empurrando a bike... Vai correndo animado e tal, afinal era a primeira e quando chega no alto avista um conjunto de sobe e desce que iria ser a montanha russa inicial da viagem. Mas aquilo não era nada frente a vontade de ir e voltar... O rapaz pega embalo e vai "di cun força" descendo a parada e subindo a outra... Assim conseguem transpor aquela ruma de "corcova" da estrada. Terminam os primeiros fantásticos 30 km de viagem ainda animados e felizes e encontram a primeira cidade... Aquela sede amuada, então decidem tomar aquela cerva gelada... Tomam duas e prosseguem a viagem... Oh Suco de Cevada bom!!! Geladinho... Era a primeira refeição depois do café da manhã... Um decide, para não perder o costume, tomar uma dose de Ypioca, afinal, levantaria os ânimos pois faltavam apenas 96 km até o destino.

Prosseguem a viagem e a paisagem se transforma em um emaranhado de galhos e o calor já beirava os 32 graus... Pense num calor... Mas vez por outra passava um carro ou um caminhão em uma velocidade de uns 90 a 110 km que davam um frescor e um "pueral" amuado que enchia o pulmão de ar e de vontade de tossir... Com mais uns 10 km de viagem os senhores já estavam cuspindo tijolos e então soltam aquela, rapaz, já estou com a garganta seca, vamos fazer outra parada estratégica? Outros respondem em unissono: agora. Param no primeiro bar de beira de estrada e tomam uma cervejinha... A que tivesse gelada era aceita sem moderação e ai da mosca que se aproximasse da garrafa ou dos copos... Pêia para 10 ela comia sozinha...

Depois de umas três na cabeça prosseguem a viagem... Meu amigo disse que já estava para dá a piloura, mas com força de vontade prossegue. Decidem cortar caminho pela estrada de chão do buraco da veia... Vão naquela paisagem bucólica e linda do sertão... Esqueceram eles que num caminho daqueles achar um bar ou algum local com água só se fosse nos mandacarus... Vão em meio a poeira, paisagem, calor, secura e muita amizade...

Por incrível que pareça, encontraram um bar no meio do caminho... A viagem que era para durar algo entorno de três horas e meia já iria passar para as quatro e tanto com aquelas paradas, mas se chegassem tarde demais, parariam em uma pousada ou no meio do relento mesmo e dormiriam para o retorno, quem diachos iria mexer com cinco cabas que pareciam mais cinco soins de bonito... Tomam mais umas cervas... Dessa vez meio chocas e então se embarreiram, melados em um canto da varanda e decidem comer algo que não fosse cevada... Pedem uma tripa de porco com farofa e um cuscuz com ovo e leite... Pensem numa sustância?

Depois da parada, que durou mais de uma hora, prosseguem no ápice das 10 horas com o sol já dizendo a eles: se preparem que eu vou usar vocês...

Chegam ao meio da jornada e se deparam com um Oasis da felicidade, um bar que fora a cevada tinha água à vontade e uma panelada de deixar qualquer um em estado de letargia mental, corporal e psicológica...O meu amigo olha aquilo e diz: cão é quem continua... Bebe uma cerva, mais outra, e tome outra... Uma dose, o forró troando... O raparigal chegando e as paqueras acontecendo... Dois dos guerreiros decidem prosseguir e o meu amigo diz: vão com Deus e digam a São Francisco que fui até a metade, mas não aguentei chegar ao final por motivos outros... Depois visito ele com mais calma, hoje ficarei por aqui.

Eita estrada de Canindé grande meu Deus!!! Tem quase um bar por quilômetro!!! Só não nota quem vai de carro.

O retorno deixarei para outra estória, afinal, não é todo dia que se anda uns 60 km bebo equilibrando-se em uma bicicleta três amigos à noite.


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