Camaradas, pergunto a todos, o que seria
um presente para um cearense saudoso da terrinha e morando em Manaus? Existem
várias possibilidades: rapadura, farinha, cachaça, etc e tal... Quando morei em
outro pais me fazia uma falta "amuada" o velho e bom feijão, vez por
outra vinha a cabeça aquela panelada e aquele sarrabulho, mas em uma cidade
brasileira acho ser que estas coisas não são difíceis de achar... É óbvio que
são mais caras, afinal, os quitutes e especiarias cearenses são o que há... E
mesmo que não gosta a de admitir que o cheiro dessas coisas quando exaladas da
cozinha são de uma tentação quase profana...
O amigo que morava em Manaus, ansioso com
a vinda da esposa e certo que poderia explorá-la para trazer uma das
especiarias da terra prometida, pede encarecidamente que sua
"principa" o leve uns caranguejos para ele fazer uma caranguejada e
um pirão escaldado de caranguejo.
Sua esposa, meio que exitosa, pensou um
pouco, mas que mal haveria em levar tal maravilha... Sei que caranguejo tem em
todo canto com litoral e mangue, mas o rapaz queria um caranguejo cearense, e
sua esposa prontamente o atendeu.
Aqui que começa a saga do caranguejo, ou
melhor, o presente grego cearense... A pergunta é bem simples: como transportar
caranguejos em um vôo, pois os mesmos deveriam chegar ao local vivo, caranguejo
morto não dá para ser cozido?... A época os aeroportos brasileiros não eram
muito criteriosos e qualquer pessoa passaria com um pacote de caranguejo pelo
portão de embarque. Sendo assim, a esposa caprichosamente prepara uma caixa de
papelão com dez caranguejos dentro e de forma angelical e delicada faz pequenos
buracos na caixa para os bichinhos respirarem durante o vôo.
E inicia o vôo, os caranguejos no
bagageiro superior, em um caixa com furos, curtindo aquela viagem longa sob
pressão... Tudo corria bem, pelo menos enquanto as portas das malas estavam
fechadas até que uma senhora decide retirar algo da sua mala... Quando abre a
porta do bagageiro superior se depara com um bicho peludo, com oito pernas,
olhando para ela e de pronto ela grita:
- Uma caranguejeira!!!! Mata!!! Mata...
A esposa do meu amigo, boa cearense que
era, se apercebe que não era uma aranha, mas possivelmente um dos caranguejos
que havia soltado... De pronto levanta e diz:
- Não, isso é um caranguejinho cearense...
Pera que eu "ajeito"...
Quando ela procura a caixa encontra um
farelo de papelão, todo rasgado e então vem a pergunta: Onde foi parar os dez
caranguejos? Olhando para o bagageiro encontra um, depois outro e quando vê um
caranguejo estava no chão, outro na poltrona debaixo e o vôo se tornou aquele
desespero... Eis que ela tem a espetacular ideia de pedir uns sacos de vômito
para pegar os caranguejos e depois os colocou, os que conseguiu pegar, na sua
mala de mão... Apertou, apertou e coube e de hora em hora ela recebia um chamdo
de um passageiro paciente que se deparava com o caranguejo no seu bumbum, seu
pé e tal...Correu assim durante umas 5h de vôo.
Termina o vôo ela chega, encontra o marido
e ele, como que um cavalheiro cearense, de pronto pergunta: cadê os
caranguejos? Parecia que não era importante a vinda da mulher, mas a
especiaria... Ela o entrega os bichos e após contá-los ele fala: faltam três.
Ela de pronto diz:
- Vai pra baixa da égua... Eu passo o vôo
todo catando caranguejo, chego com ainda sete vivo e tu ainda reclama...
Ele vê que a pergunta foi errada e tenta
convencê-la de contar como foi a viagem... Depois de respirar muito ela fala
sobre os ocorridos os dois riram muito e até hoje se questionam: Onde ficaram
os outros três caranguejos...
Eu suspeito que outro possível cearense
apaixonado pelo crustáceo os encontrou e fez um belo de um pirão com eles...
Parece não ser verdade... Mas é...
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