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sábado, 12 de outubro de 2013

Uma noite amena no Piauí.

Em mais uma das minhas saudosas viagens conheci o espetacular estado do Piauí. Minha primeira incursão no local tinha sido de passagem e no abrir da porta do avião, já havia sentido na pele o que ele guardava a qualquer humano: Calor, mas muito calor. Dizem que um padeiro que viveu a vida inteira neste estado brasileiro, foi ao inferno e desafiou ao cão quem suportava mais calor. Enfim, minha viagem ao caloroso Piauí, me fez valorizar as coisas pequenas da vida. Se passou mais ou menos assim:

Tratava-se de uma viagem longa e que exigia, ao anoitecer, uma parada estratégica em um lugar que não ligava nada a coisa alguma. Paramos no lugarejo e procuramos um local para ficar. Tínhamos certeza que nada de luxuoso nos aguardava e assim procuramos, sem muita pretensão, um cafofo com o mínimo de conforto e lá encontramos. Pegamos um quarto individual cada e, cansado como estávamos, não titubeamos, fomos tomar aquele banho e descansar.

Chego ao meu quarto e a primeira experiência foi o chuveiro. Abri o registro na intensão de espantar o calor e sinto que com a temperatura da água isso não aconteceria. Parecia que a água vinha de uma fonte inesgotável de vapor, não esfriava nunca. E olhe que não era um chuveiro elétrico. Tratava-se, talvez, da maior invenção da humanidade, pois não precisava de nenhum princípio da termodinâmica para conservar o calor. 
Naquele momento, raciocinei um pouco e me lembrei de uma amiga que disse que ao morar no Piauí utilizava, para tomar banho, uma lata de leite ninho furada ao fundo com gelo dentro e então tive a certeza que ela não era doida quando me contou aquilo, mas sim, muito da sabida. Imitei a amiga e me senti mais confortável naquele local, embora, depois do banho de chuveiro com uma latinha de leite de ninho furada no fundo e cheia de gelo dentro, sai do banheiro quase tento um choque térmico, mas nessa hora tive a sadia ideia de ligar o ventilador. 

Eis que me deparo com a segunda situação, o ventilador era adaptado ao Piauí: ligado no mínimo eu podia contar de um a seis para o ventilador dar a primeira volta. Era um equipamento com um regulador de velocidade contínuo, entretanto, dada a situação de inércia do bicho, modifiquei para o máximo e observei que o máximo se equiparava a um helicóptero em pleno vôo. Tentei ajustar, mas tudo em vão... De duas uma: ou desligava, ou tentava dormir com o barulho do helicóptero no meu ouvido. Desligo o bicho e vou dar uma volta para me refrescar e me deparo com toda a equipe de viagem sentada do lado de fora conversando miolo de pote, pois se encontravam na mesma situação. Aproveito o ensejo e entro na conversa. Passamos algumas horas tentando curtir o momento, porque entrar no quarto só com muito, mas muito cansaço... Dormir ali sem ventilador só quando fosse para capotar o que aconteceu entorno de 10h da noite.

Entro no quarto, parto para a dormida... Cansado como estava não sentia nada, apenas sono. E eis que vem a última situação... Quem morou no nordeste sabe da máxima: calor vem seguido de chuva ou de muriçoca e para aquele local a primeira opção quase nunca acontecia... Além disso, no Piaui os danados dos pernilongos também têm que se refrescar e como nosso sangue tem temperatura mais amena do que o Piauí, então, é do nosso sangue que eles gostam mais... Acordo às 3h mais ou menos e me deparo com o lençol cheio de sangue: pensei cá comigo: Eu menstruei? Olho para o teto e aquela ruma de muriçoca me incitava a uma guerra... Pensei um pouco e disse: para acabar com elas tem que ter uma estratégia de guerra e talvez por isso o ventilador com velocidade de um helicóptero. Ligo o mesmo e descubro porque da sua voracidade, pois afinal tudo tem um porque. 


Cansado como estava, me incomodei inicialmente com o ventilador, mas era melhor do que me senti um prato apetitoso de muriçocas. Às 4h consigo dormir, mas eis que batem no quarto às 6h me dizendo para retornarmos a viagem. Levanto-me e procuro o caminho do banheiro com a certeza que eu sou é "azalado" mesmo e que de bom mesmo é minha casinha lá no Ceará mesmo com aquela quentura, afinal até então o máximo que eu senti foi um mormaço comparado aquele local inesperado na viagem...

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