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quarta-feira, 7 de abril de 2021

Lembranças boas no tempo de isolamento social.

Falei há um tempo de um ator da minha novela pessoal, o Sr. Deleca (Wanderlei). Aquela época tínhamos felicidades em gotas: a chegada da mãe com um doce ou com alguns trocados para irmos a bodega comprar um doce zorro, um embaré ou outro quitute; o compartilhamento da mistura no almoço ou jantar; a corrida na rua sem preocupação com carros em velocidade desproporcional ao civilizado; os cheiros de bruaca no final da tarde; o avanço na tentativa de escalar uma árvore; e uns sem números de coisas e brinquedos substituídos por pais que põem os filhos em brinquedos que brincam só, não sei se por desleixo, por medo ou por mudança do mundo mesmo.

De qualquer forma, hoje me bateu uma saudade de um hábito daquele tempo. Era algo um pouco estranho para os momentos atuais, mas que saudade daquela sensação, daquela experiência. Era impar e não encontro mais por ai.

Minha mãe pedia para eu ir comprar algo na bodega, chegava e aguardava com a mão atolada em um tambor de cereal, massageava a mão em um vai e vem onde as sementes passavam na mão entre os dedos, por vezes pegava um punhado do alimento (arroz ou feijão, geralmente) e enquanto o dono da bodega atendia a mim ou a outro eu levantava os grãos e soltava, completava a experiência com o medidor, fazia algumas contas de quantos grãos tinham ali ou o peso. O dono da bodega, quando percebia os movimentos olhava e entendia que não era certo, tirava a mão e em outra oportunidade repetia tudo novamente.
Que saudade de um tambor de cereal para atolar a mão passar algumas horas no vai e vem e esquecer que o mundo é outro.

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