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quarta-feira, 5 de março de 2014

E assim se fez um novo mundo...

Já era dia quando avistamos ao longe um ponto negro na imensidão azul que nos era normal. 
Nunca havíamos visto algo parecido. 
Aquele ponto se aproximava em um ritmo conhecido: vento do oeste o guiava com sopros de um lado a outro... 
Então, eis que fica possível chegar perto da coisa e com um pequeno esforço poderíamos nele tocar e assim o fizemos.
Fomos  um amigo e eu ao encontro do que antes era um ponto negro ao longe.
Naquela hora um conjunto de possibilidades nos surgiu, afinal, quem estava naquele aparato queria comercializar, trocar seus bregueços por qualquer coisa que possuíssemos. 
Como eles não sabiam o que nos era de valor dávamos a eles toda sorte de besteiras... 
Eles ficavam felizes!!!
Nós por outro lado, comportávamos como que satisfeitos com aquilo, afinal estávamos ganhando algo que não conhecíamos e que para nós tinha algum valor e para eles, o que nos transparecia, era também de valor o que dávamos.
Tratava-se de uma estratégia ganha-ganha...
E ganhávamos cada vez mais.
Em alguns dias os visitantes nos pediram para ir em nosso território, mas com uma língua não tão familiar que falavam e que não compreendíamos totalmente, entendemos o que queriam apenas pelos gestos que faziam. Ficamos cabreiros mas os levamos, afinal o que poderiam fazer conosco, nós conhecíamos onde íamos e eles não.
E eles se apaixonaram ardentemente com o que viram, pareciam que estavam no lugar de seus sonhos ancestrais. 
Gritavam eles: Paraíso!!! Paraíso!!!
Nós não compreendíamos a palavra mas sabíamos que eles estavam felizes, pois tentavam a todo custo se comunicar.
Passado tempos, compreenderam nossa forma de falar e nós a deles, dai em diante tudo ficou mais difícil, pois eles achavam que como falávamos era errado e nos impuseram a forma deles falar...
Neste momento não nos foi dado direito a decidir, apenas a cumprir ordens. Nós que não eramos mandados por ninguém passamos a ser mandados e aprendemos o verbo mandar a duras penas. Sangramos e revoltados, conseguimos fugir, uns para lá, outros para acolá, e fugimos e fugimos.
Mas eis que eles nos perseguiram e se juntaram com outros semelhantes que acreditaram em suas leis, na sua forma de pensar, na de agir e na de rezar...
Com o tempo, passamos a não mais rezar para o que nos deixava feliz, mas rezar para pedir.
Pedíamos por comida, por liberdade, por prazer, por dinheiro e toda sorte de coisas que só nos faziam querer mais e mais. 
Desaprendemos a agradecer... 
Agora, em pleno século XXI, aparecem em documentários feitos pelos que chegaram há 500 anos sobre os que fugiram para bem longe, ainda nos idos de Cabral. E antes, o modo como vivíamos era errado, mas atualmente soa certo, afinal, deve-se viver em comunhão com o mundo e manter a natureza que é garantia de nossa longevidade na terra. 
Querem aprender com os que fugiram, mas não temos mais o que ensinar, pois o que sabemos, foi-se perdido com o tempo e o que vocês nos ensinaram é o que sabemos e o que ficou para trás não tem mais valor, resta-nos apenas pedir a "Deus" que nos dê mais coisas e que, se possível, nos faça felizes.

Agradeço a ajuda de Davi Cunha...

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